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Sobre o visto e uma experiência nada agradável!

Nós brasileiros não precisamos de visto para vir para a Alemanha, quer dizer, se vc vier trabalhar, procurar emprego ou ser uma Au-pair você precisa de um visto prévio, tirado no Brasil. Mas se você for turista, estudante ou acompanhante você não precisa tirar esse visto prévio e alguns funcionários recomendam que você nem se dê esse trabalho, que faça tudo por aqui.


Pois bem, assim fizemos. Pesquisamos, perguntamos e consultamos o consulado para saber do que precisávamos e providenciamos tudo o que era necessário.

Quando você vem como turista, você tem que preencher alguns requisitos básicos como hospedagem, dinheiro suficiente, cartão de crédito internacional, passaporte válido e passagem de volta. Daí no próprio aeroporto você recebe seu carimbo e pode ficar por aqui por até 90 dias.


E foi assim que entramos. O agente da imigração implicou um pouquinho, pois achou que não tínhamos dinheiro suficiente, mas no fim deu tudo certo, mesmo sem a passagem de volta.


A partir dali, tínhamos 90 dias para dar entrada na permissão de residência. Eu daria entrada como estudante e João como acompanhante. Estávamos com toda a documentação separada, todas as traduções feitas e todas as validações em dia.

Para você receber a permissão de residência você tem que contemplar alguns requisitos também: tem que ter um passaporte válido pelo período que você vai ficar no país (óbvio!), tem que providenciar o registro de residência (Anmeldung), que você faz na prefeitura (Rathaus) da cidade que você vai morar, ter um motivo para ficar aqui (família, estudos, trabalho, etc) e comprovar que você vai ter dinheiro suficiente para se manter durante esse período.


Super simples e fácil né? Veremos que nem tanto.


Para tirar o Anmeldung você vai precisar de:

Essa foi a parte mais fácil e foi muito engraçado porque a funcionária não falava inglês e nós não falávamos alemão. Mas ela foi super prestativa e com o dicionário do lado conseguimos preencher tudo! Como a nossa cidade é pequena não tinha fila e foi tudo muito rápido!


Daí seguimos para a segunda etapa: a Landratsamt


Era lá que iriamos pedir o visto de permanência e foi lá que a coisa entortou. Fomos a primeira vez sem marcar nada, e o funcionário que nos recebeu foi super simpático e até tentou falar português (Sabe de nada inocente!). Ele disse que não poderia nos atender, que precisávamos marcar e esperar por uma carta com o dia a hora do atendimento. Voltamos para casa e esperamos. Algumas semanas depois recebemos uma carta com um número, mas sem data e nem hora. Sem entender direito voltamos lá, achando que era aquela carta que deveríamos apresentar...e ai o caldo entornou.


Para a permissão de residência de estudante eu deveria apresentar:

  • Um passaporte válido; (ok)

  • Uma carta de admissão por parte da Universidade; (ok)

  • Um seguro de saúde; (ok)

  • Um comprovante de meios financeiros suficientes para a estadia (ok-era a minha bolsa de estudos)

  • Uma foto biométrica (ok)

Já João, que deu entrada na permissão de residência como acompanhante, deveria apresentar:

  • Um passaporte válido (ok)

  • A certidão de casamento traduzida e reconhecida pelo governo alemão (ok)

  • Um seguro de saúde (ok)

  • Um comprovante de meios financeiros suficientes para a estadia (ok – como ele era meu dependente e eu ganhava dinheiro suficiente para nós dois)

  • Uma foto biométrica (ok)

Só que o funcionário (o mesmo da primeira vez) deve ter dormido de calça jeans bem apertada naquele dia e negou o visto para João. Começou a fazer piadas e a ser extremamente irônico, disse que a bolsa era só minha e não para marido, pai, mãe, filhos ou avó. Que João não poderia viver de ar e amor e se quisesse ficar deveria trabalhar, afinal o que é que ele ia ficar fazendo por um ano aqui na Alemanha. Expliquei que ele ia fazer um curso de alemão e que a bolsa estava em meu nome, mas nós éramos uma família e o valor recebido era suficiente para nós dois. Ai ele disse que não era assim que funcionava, que não importava quanto eu recebesse, aquele dinheiro só servia para mim, e que se ele quisesse ficar deveria trabalhar para comprovar que tinha como se manter.


Então eu perguntei, se o problema era a renda, senão poderíamos apresentar o saldo da nossa conta no Brasil ou se ele não poderia abrir uma conta bloqueada com o valor necessário para o período. Ai o funcionário fechou a cara e me perguntou se era comum no Brasil as pessoas questionarem tanto os funcionários públicos e completou dizendo que se ele quisesse ficar deveria trabalhar e pronto senão eu teria que ficar aqui sozinha. Que se o problema era a língua, ele poderia arranjar um emprego em uma cozinha de algum restaurante mexicano. Juntei a coragem que me restava e perguntei se poderia apresentar uma declaração que indicasse que aquele valor servia para nós dois e ele disse que sim.


Saímos de lá com uma nova marcação. Não preciso nem dizer que fiquei desesperada. Foi sem dúvidas a pior experiência que tive até agora. Ele além de ter sido intransigente e autoritário, foi mal educado e grosso. Sai de lá quase chorando e João assustado, mas sem demonstrar nada por que sabia que eu estava perto de desabar!

Voltamos para casa, entrei em contato com a agência que me concedeu a bolsa e fui super bem atendida. Eles enviaram uma declaração dizendo que a bolsa era minha, mas era suficiente para mim e para o meu marido (colocando o nome dele completo). Eles me instruíram a procurar o escritório internacional da universidade e assim eu fiz.

Lá o funcionário não conseguia entender o que foi que tinha acontecido. Porque esse senhor havia me atendido tão mal. Ele pegou meus documentos, o número de telefone do dito cujo e ligou para lá. Após essa ligação, ele entrou em contato comigo e me disse que estava tudo ok, que bastava apresentar a nova declaração e que tudo já estava resolvido.


No dia e hora marcados voltamos lá, e a mesma criatura nos atendeu. Dessa vez estava uma seda! Eu estava armada até os dentes. Logo quando entramos ele já foi dizendo que recebeu a ligação de alguém da universidade, sem esconder a sua insatisfação com o fato. Eu disse, que consultamos o escritório da universidade para checar a documentação. Ele ficou super sem graça e pediu a tal declaração (o filho da mãe nem leu!!!!) e disse que estava tudo ok. Fez todo o procedimento e disse que dentro de 03 ou 04 semanas receberíamos duas cartas: Uma que deveríamos guardar e outra com a data e hora que deveríamos voltar lá, para pegar o visto de residência (aqui ele não vai no passaporte, ele é uma carteira de identificação) e ainda frisou que deveríamos aguardar e que ninguém deveria ligar ou aparecer lá fora da data especificada.


Quatro semanas depois recebemos a primeira carta, um número eletrônico que nos permite acesso pela internet aos dados do nosso visto.


Quanto ao nosso documento, a tal segunda carta, esperamos mais de oito semanas e nada. Tivemos que recorrer mais uma vez ao escritório internacional da universidade. Lá o mesmo funcionário que nos ajudou da primeira vez, entrou em contato com o escritório de imigração, para tentar saber qual era o problema dessa vez, já que tudo já estava certo e nós só precisávamos buscar a carteira de identificação... Somente a partir desse dia é que as coisas caminharam. Em menos de uma semana, recebemos a tal carta com a marcação da data e hora. Ainda nos pediram mais alguns documentos extras, mas nada demais. E finalmente no dia 24 de março (02meses e 10 dias depois) conseguimos retirar a nossa carteira de identificação com o nosso visto!!!!


Com isso tiramos um peso enorme dos nossos ombros. Mas essa situação me fez refletir muito! Na minha opinião foi um caso claro de discriminação e xenofobia, mas como todo preconceito, o motivo é irracional e jamais vou achar uma justificativa.


Tive um direito básico negado, mesmo estando em conformidade com a lei e tendo cumprido tudo o que foi pedido. Fiquei estressada e muito decepcionada. Agora parem para pensar: E os negros tratados como marginais só por causa da cor da sua pele, tendo o direito de ir e vir negados por donos de lojas ou policiais mal treinados? (E muuuuitas vezes tendo suas vidas ameaçadas só porque são pretos) e o casal gay que quer ter o direito de se casar perante a LEI e compartilhar um simples plano de saúde e não podem por causa do falso moralismo de um bando de gente hipócrita, imagina só como eles se sentem?


Eu estava na terra de gente estranha, mas poderia voltar para minha casa a qualquer momento...mas e eles?


Ps- vale frisar que esse infeliz não representa as pessoas com as quais convivo...idiota tem em qualquer lugar!! Os alemães são melhores que isso.

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